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História dos Desbravadores no Brasil |
Em nosso país a história dos Desbravadores padece por falta de registros e documentação comprobatória. Não existem atas, nem livros, nem artigos de revistas, nem jornais que confirmem os fatos relatados. Falando ao jornalista Michelson Borges, da Casa Publicadora Brasileira, Henry Feyerabend disse: "Eu sempre entendi que em Lageado Baixo foi fundado o primeiro Clube do Brasil, mas não tenho nenhuma prova disso, nem certeza tenho, pois não há nenhum registro da organização desse clube". Muitas realizações , nomes de pessoas, datas e informações podem ter caído involuntariamente no anonimato ou simplesmente ter sido esquecidos pelas deficiências naturais da comunicação oral. Conseqüentemente, as versões existentes, aqui apresentadas, podem, num momento ou noutro, chocar-se. Mas que tal incarar tudo isso como parte de um grande e belo mosaico construído por muitos atores? O que você vai ler a seguir faz parte de um esforço de reconstrução da história, baseado praticamente em lembranças e relatos de personagens muito importantes para os Desbravadores no Brasil. Eles efetivamente contribuíram para estabelecer um programa que deu certo, e o mérito de todos (Cláudio Belz, Edgard Turcílio, Henry Feyerabend, Jairo de Araújo, Jesus Nazarenth Bronze, José Silvestre, Luis Roberto Farias, Osvaldo Haroldo Fuckner, Wilson Sarli... ) foi acreditar no potencial dos juvenis e jovens cristãos de nosso país. A dificuldade de precisar nomes, lugares e datas pode ser a oportunidade de dedicar somente a Cristo as homenagens e o louvou pelo grande empreendimento espiritual e social que é o Clube de Desbravadores. Segundo Claudinei Candido Silva, pesquisador do Departamento de Desbravadores da Associação Geral , o Pastror Jairo Tavares de Araújo, então líder da juventude adventista da Divisão Sul-Americana, com sede ainda no Uruguai foi o primeiro a incentivar a organização de Clubes de Desbravadores na América do Sul. Em 1957, ele preparou um pequeno manual sobre como organizar um Clube de Desbravadores.
Em
São Paulo O primeiro contato que o Pastor Wilson Sarli teve com um clube de desbravadores organizado, foi no dia 6 de janeiro de 1961, em Embalce Rio Tercero, na Argentina. Ele havia recém assumido o Departamento de Jovens da Associação Paulista e estava representando São Paulo no Congresso de Jovens da União Austral. Na sexta-feira assistiu as apresentações de um clube de desbravadores no Chile, sob a liderança do Pastor John B. Youngberg, missionário americano que havia criado o clube naquele país. De volta ao Brasil, com todo material que conseguiu com o Pastor Youngbeerg, o Pastor Wilson pediu a sua secretária que o traduzisse. Segundo ele, esse material foi-lhe solicitado pelo Pastor Henry Feyerabend e também serviu de apoio ao surgimento dos Desbravadores em Santa Catarina. Alguns dias depois, o Pastor Jesus Nazareth Bronze, então Distrital de Ribeirão Preto, comunicou-lhe que a comissão da igreja havia recentemente escolhido um diretor para o Clube de Desbravadores local, a ser fundado, e solicitava instruções para o seu funcionamento.
Em
Ribeirão Preto, o Pastor Wilson foi apresentado a um dos primeiros
diretores de clube do Brasil, o jovem Luis
Roberto Farias, que foi substituído logo depois por Edgard
Turcílio. No sábado, todos aguardavam ansiosos pelas palavras
do Pastor da Associação, que naquele dia pregaria sobre o Clube de
Desbravadores. Entretanto, em e-mail de 25/10/00, para Francisco Lemos, o Pastor Henry Feyerabend afirma com respeito à origem dos Desbravadores em Santa Catarina: " Não tenho nada escrito para confirmar a data de início dos clubes. Minha memória também não é perfeita. Fui para Santa Catarina em 1958 e saí de lá em 1962, transferido para A voz da Profecia. Organizei 7 ou 8 clubes em Santa Catarina messe período. Mas a Associação não tem nada que confirme as datas em seus arquivos. Os membros da Igreja de Lageado Baixo dizem que tem certeza de que o seu clube foi organizado antes da viagem para a Argentina em 1961. Mas como já falei, eu não tenho dados escritos nem memória para declarar que foi assim". No mês de julho de 1961, o Pastor Feyerabend recebeu a visita do Pastor Youngberg, que viera ao Brasil passar algumas dicas sobre como organizar clubes de desbravadores. Naquele tempo já havia clubes em seis cidades catarinenses - Lageado Baixo, Joinville, Blumenau, Florianópolis, Benedito Novo e Bom Retiro. O primeiro a ser fundado foi o de Lageado Baixo, que teve como primeiro Diretor o jovem Osvaldo Haroldo Fuckner. O evento mais marcante para o Pastor Feyerabend foi a realização de um campori na praia de Itapema, em 1961. " Reunimos naquele acampamento os clubes que havia em Santa Catarina", conta Feyerand. " Não me lembro do número exato de pessoas que participaram, mais creio que tivemos quase 200, contando desbravadores, conselheiros, pastores e instrutores.
No
Rio de Janeiro O Pastor Cláudio Belz organizou o seu primeiro campori de União, no Brasil, e o primeiro campori Sul-Americano. Segundo dados da Associação Geral, ele foi o Diretor de jovens que mais tempo dedicou aos Desbravadores: 33 anos. Junto com o Pastor Youngberg, Cláudio Belz fundou Clubes em vários lugares do Brasil.
Desafio
Juvenil Além de ser um dos organizadores desse primeiro Campori, o Pastor José Silvestre foi um desses homens que vestiu o uniforme dos desbravadores para nunca mais tirar, Natural de Regente Feijó, SP, Silvestre começou a trabalhar com Desbravadores (na Obra)em 1972, com 34 anos. Foi ordenado ao Ministério em 1975. Em 1978 foi para o distrito de Registro, SP, onde organizou três clubes, que funcionam até hoje. Em 1980 assumiu o Departamento de Jovens da Associação Paulista, a fim de continuar trabalhando com os Desbravadores. "Sempre gostei de trabalhar com os jovens porque eles encaram mais facilmente os desafios", diz o Pastor Silvestre. Esse gosto pelos Desbravadores começou bem cedo, quando Silvestre ainda estava no Colégio Interno, onde fundou o Clube de Desbravadores do IAE, em 1965. Na época ele leu muitos livros, manuais e apostilas dos escoteiros e outros movimentos ligados a educação de menores. Pesquisou também os livros de Ellen G. White e encontrou apoio no que ela escreveu sobre a educação, orientação e formação dos jovens e juvenis. Os desbravadores das décadas de 1960 e 1970 não tinham materiais didáticos nem equipamentos. Naquela época as barracas eram caras e muitos materiais eram importados. Também não tinham líderes preparados, mas insistimos na realização de cursos e na preparação de novos líderes. Foram tempo difíceis, é verdade, mas acreditamos e antevimos milhares de jovens e juvenis que se firmariam na Igreja, sendo, no futuro, líderes fortes" lembra o Pastor Silvestre. Os pequenos clubes fundados no início da década de 60, no Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e em outros Estados de nosso país foram a célula inicial do que são hoje os mais de 100 mil desbravadores, organizados em quase 3.000 clubes. "Em mais de 50 anos de história e milhares de acampamentos e Camporis, os Desbravadores acumularam muitos troféus. Eles não são apenas de madeira e metal. Os mais preciosos são pessoas, juvenis que cresceram e hoje são empresários, pastores, professores, médicos e gente que está espalhada no mundo todo, anunciando com a sua vida que Jesus em breve voltará. As faixas de especialidades, os broches, a farda, a bandeira azul e branca, o escudo vermelho e amarelo são lembranças da esperança plantada no peito. Com amor, brincadeiras e muitas felicidades.”
Texto compilado do livro “Aventuras ao Ar Livre” da Casa Publicadora Brasileira
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